A venda de medicamentos como Ozempic e Mounjaro, conhecidos por seus efeitos no controle do apetite e popularizados por seu uso estético, pode ganhar um novo capítulo ainda nesta quarta-feira (16).
Isso porque a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai se reunir para decidir sobre uma proposta que pode endurecer as regras de comercialização desses remédios, usados originalmente no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade.
O que pode ser decidido nesta reunião
A principal mudança sugerida é a retenção da receita médica na farmácia, exatamente como já acontece com antibióticos. Se aprovada, a nova regra vai funcionar assim:
- O paciente apresenta a receita médica;
- Uma via do documento fica retida na farmácia;
- O medicamento só é liberado após esse procedimento.
Por que a proposta foi feita à Anvisa?
Algumas entidades médicas de endocrinologia e diabetes estão de acordo com a medida e divulgaram uma carta aberta em apoio à proposta.
Na carta em questão, os especialistas elencam uma série de questões como:
- O aumento expressivo da procura por Ozempic e Mounjaro para fins estéticos;
- O risco de desabastecimento para pacientes que realmente precisam dos medicamentos;
- Os possíveis efeitos adversos do uso indiscriminado sem acompanhamento médico.
Anvisa é pressionada dos dois lados
Vale lembrar que essa votação estava prevista para o mês ado, mas foi adiada. O diretor-presidente substituto da Anvisa, Rômison Rodrigues Mota, afirmou ter sido procurado por representantes do setor farmacêutico, que se mostraram surpresos com a proposta e pediram mais tempo.
Ele também disse que recebeu novas contribuições e precisava revisá-las antes de levar o tema ao colegiado.
A decisão de adiar a votação foi mal recebida pelas entidades médicas, que enxergaram a movimentação como resultado de lobby empresarial. A Anvisa nega.
O caso da Colgate
Essa não é primeira vez que uma decisão da Anvisa tem grande repercussão nas redes sociais. Recentemente, a agência chegou a proibir a venda de um creme dental específico da marca Colgate.
Essa decisão, no entanto, acabou sendo revertida recentemente pela própria Anvisa.
Para entender toda a polêmica envolvendo o creme dental da Colgate, é preciso voltar para o começo dessa história.
- A interdição temporária ocorreu após a Anvisa receber oito notificações sobre reações adversas relacionadas ao creme dental, envolvendo 13 eventos como inchaço nas amígdalas, lábios e mucosa oral.
- Um dos casos foi o de Denise Correia Santiago, moradora de Santos (SP), que relatou vermelhidão, inchaço e queimaduras após cinco dias de uso do produto.
- Apesar disso, a Colgate recorreu, e a Anvisa suspendeu a interdição, permitindo que a pasta siga à venda enquanto o caso a pelos trâmites internos da agência.
O novo alerta da Anvisa
Embora a decisão da Anvisa tenha sido por voltar a permitir a venda do creme denta, um novo alerta foi emitido pela agência sanitária.
De uma maneira geral, a Anvisa recomenda que consumidores observem sinais de irritação ao usar a pasta. Caso percebam alguma reação, devem interromper o uso imediatamente e, se o desconforto persistir, é preciso buscar orientação médica o quanto antes.
Na ocasião, a Colgate se pronunciou sobre o ocorrido. Abaixo, você pode conferir a nota na íntegra:
“A Colgate reforça seu compromisso com a qualidade e segurança de seus produtos. Estamos cientes da decisão da Anvisa por uma interdição cautelar ao creme dental Total Clean Mint, que não implica no recolhimento do produto. A companhia entrou com recurso que resultou na suspensão automática dessa interdição na quinta-feira (27). Seguimos tomando todas medidas cabíveis para interagir com a Anvisa e demonstrar a segurança do produto. É importante reafirmar que o produto não oferece riscos à saúde, mas algumas pessoas podem apresentar sensibilidade a certos ingredientes – como fluoreto de estanho, corantes ou sabores. Nossas equipes estão preparadas para esclarecer quaisquer dúvidas sobre o creme dental Total Clean Mint com autoridades, profissionais, clientes e consumidores.”